Antes de tudo, estes lenços faziam parte integrante do traje feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa.
Mas não é enquanto parte integrante do traje feminino, mas sim de outra função não menos importante, que lhe vem o nome: a conquista do namorado. A moça quando estava próximo da idade de casar fazia o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que por ventura possuía ou dum lenço de algodão que adquirira na feira. Caso a rapariga não fosse correspondida o lenço voltaria às suas mãos. Se o namorado trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço, fazendo-o acompanhar de todos os objectos que dela possuía, como cartas e fotografias. Rica em símbolos e motivos, os mais utilizados são flores, silvas, cântaros, cruzes, brasões, passarinhos, pombas, estrelas de Salomão, cestas, corações, chaves, peças agrícolas, borboletas, peixes, cães, letras, quadras, datas, coroas, ramos e casais de namorados cobertos ou não com um chapéu-de-chuva. Outras vezes estes lenços eram motivo de simples brincadeiras ou troca de palavras. Nas festas os rapazes tiravam os lenços das raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a quem o lenço tinha sido roubado. Desde então, estes lenços têm reflectido inúmeros sentimentos de raparigas casadoiras, exprimidos através destes símbolos de fidelidade ou devoção religiosa, onde os erros ortográficos são já uma característica incontornável.